Humilhações Aeróbicas

Com a esperança de perder alguns quilinhos e eliminar a barriga ao estilo “pochete”, nos matriculamos em academias. Sim, porque somos persistentes, invencíveis e determinadas! Seja inverno, verão, esteja nevando ou chovendo, uma mulher que se preze faz sua inscrição e freqüenta fielmente a academia por pelo menos duas semanas!
Porém, nem sempre as academias são ambientes acolhedores... vou explicar: chegamos lá por motivos óbvios, como o desconforto com o corpo do jeito que ele está, e com o intuito de melhorá-lo; emocionalmente, adentramos no ambiente frágeis, com a auto-estima / auto-confiança abalada, com a percepção corporal muitas vezes distorcida e pra lá de jururus.
Parece que a primeira inimiga é a maldita calça legging: elas foram desenvolvidas especialmente para nos humilhar, com aquelas cores berrantes e tecidos brilhantes que nos deixam com o dobro do tamanho; caso sejam pretas, contam com detalhes em cores estrambólicas em áreas específicas: a parte dos culotes ou a lateral das coxas é colorida, e destaca justamente o que você gostaria de esconder (você vira um Teletubie). Por vezes, você lembra o Peter Pan; noutras tantas, quase pode ouvir ao fundo um “vai Lacraia, vai Lacraia...”
Existem pessoas realmente estranhas em academias, tipo aquelas mulheres que passam maquiagem e perfume pra malhar (? – é, eu também me pergunto “que porra é essa?”) e praticamente derretem após uma sessão de exercícios.
Se você usa os aparelhos, obviamente deve começar devagar. A esteira exige que se inicie com uma caminhada para que depooooois, beeeeem depois, a pessoa corra e se mate nela. Pois bem, estava eu, fofinha e feliz, andando na esteira; chega uma loira, alta, maquiada e de perfume (“que porra é essa?” – again) e começa a correr, muito, muito rápido, dando praticamente saltos na esteira... os peitos pulando. Olhei pra mim, olhei pra ela, olhei pra mim de novo, pra minha ausência de comissão de frente e... ah, porra, que mundo injusto!
Quando o instrutor te empurra pras abdominais é o seu momento de fuga, porque após uma sequencia de 5 abdominais, você pode ficar estirada no chão e esperar a terra te engolir (ou a esperança voltar... força na pança!). A Marie me disse que os pufes espalhados pela academia são o refúgio das cansadas, confusas ou desistentes.... estar lá é humilhante também.
Com natação você também sofre. Porque água dá uma larica dos infernos, e você sai da piscina quase comendo as paredes. Outra coisa é que os maiôs também são projetados estrategicamente pra nos humilhar: cores berrantes nas laterais pra salientar qualquer banha remanescente. Aaaaaaaaaaaaaaaah, e se você resolveu dar uma de malandra e fazer hidroginástica pra se destacar entre as vovós, fique esperta, porque elas te passam a perna rapidinho. Algumas vovós tem um fôlego do cão!
Outro momento humilhante é o banho: por que raios os boxes não tem porta? As conservadas desfilam peladonas pra lá e pra cá, livres de constrangimentos e pudores. Até as vovós, riem e confraternizam totalmente nuas (algumas com áreas durinhas, inclusive!), e você, jovem sedentária, vai lá no último chuveiro, e tenta se abster de todo esse exibicionismo.
Pra finalizar, a academia te mata de fome. Lá você só encontra aqueles suplementos caros e lanches naturais que custam metade do preço da mensalidade. O queeeeeeeeeeee? O preço de 2 blusinhas num mísero lanchinho natureba e chá verde com gosto de nada? Magina! E aí, a rua é convidativa. Sempre tem uma doceria perto da academia. Sempre tem um tio do pastel, uma padaria, uma oferta de trufas, um Mc Donald’s cretinoooooooooooooooooo no seu caminho. E ele te chama. Todos os carboidratos do mundo gritam seu nome, e você se rende... mais humilhação!
Até que a terceira semana chega, você pensa em táticas alternativas para perder peso em casa, compra algum aparelho bizarro da Polishop e gororobas redutoras. Lá, dando ou não certo, nada será uma humilhação. É só não se julgar!