quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Sobre as caixinhas

Por Marie Curie & Anna O.


Eu cresci com a pior mistura possível de imagens pra construir as minhas primeiras idéias românticas: contos de fadas da Disney, comédias românticas e novelas. Esse mundo cor de rosa, de donzelas e cavalheiros logo vem abaixo na primeira desilusão amorosa, e é a primeira vez que construímos uma caixinha. Essa caixa é onde guardamos todas aquelas coisas que só nos machucam. O desejo de casar virgem? Pra caixa. De ter uma casa cheia de filhos e de cerca branca? Caixa. De ter um relacionamento como nos filmes? Com direito à grandes declarações de amor, carros de som ou pedidos de namoro em um balão? Já pra caixa! E juntos vão os bombons, as flores, a champanhe, as músicas escritas só pra gente, jantar à luz de velas, alianças de compromisso, afinidade musical, compreensão total da nossa TPM e variações de humor, enfim, tudo o que esperamos de um homem ideal!
Nessas horas as caixinhas viram um caixote de TV 42''. Tem mulheres que formam caixas maiores, outras menores, mas elas estão sempre lá. O que fazer com esse monte de expectativas e modelos de "felizes para sempre"? Socados à muito custo na caixinha, vedamos com maçaricos, lacramos, socamos em contêineres de lixo radioativo e empurramos abismos abaixo, sobrando na superfície essa mulher 2.0 que somos hoje: Liberadas, topando relacionamentos sem compromisso, sexo casual, liberdade de ação, enfim, todas as coisas modernas e prafrentex que permitam que a gente toque a nossa vida sem se frustrar muito com os homens, afinal, não esperamos muito deles sem as coisas da caixa. Quando, por exemplo, ele não abre a porta do carro, jogamos essa expectativa pro fundo da caixa dizendo: "ah, mas homem é assim mesmo"...
Podemos passar anos nos envolvendo com pessoas nesse estágio. Até namorar. Mas daí vem ele...
O cara. De repente ele começa a fazer coisas fofas, promessas, afinidades, gestos amorosos, palavras bonitas, e de alguma forma começa a revirar os objetos das caixinhas. Por que um abismo inteiro é pouco pra fazer elas ficarem quietas, elas sempre voltam, como um filme B de terror! E daí toca ter sentimentos de amor eterno, "será que dessa vez é pra sempre?", e por aí vai. Merda! Quando a caixinha se abre, é como a caixa de Pandora, sai acabando com toda a casca grossa meticulosamente construída com decepçõs amorosas e defesas ao longo da vida!
E os resultados: novas amélias, meninas apaixonadas, inseguras, em briga tentando, sem sucesso, socar tudo de volta na caixa. É que nem aqueles desenhos antigos do Pernalonga onde a barragem está pra arrebentar. Não adianta ele tampar o buraco com um dedo, logo abre outro, e mais outro, aaaaah! Homens, cuidado ao revirar as caixas das mulheres! Estejam cientes do risco que correm e, principalmente, se é isso mesmo que vocês querem. Por que no final, a mulher não tem mais nenhuma carta na mão, está vulnerável tanto para o bem e como para o mal. E essa caixa não se abre facilmente...
A construção de uma caixa exige muito. Muito tombo, muito rímel borrado, ombro de amiga, muita dúvida e, sobretudo, muita insegurança. O medo de passar por "tudo aquilo" mais uma vez é imenso. E aí, minhas caras, a caixa é praticamente soldada. Cada uma põe lá aquilo que geralmente "atrapalha" as relações: emoção, envolvimento, confiança... afinal, tudo isso deveria ser de grande serventia pra sua felicidade, não o oposto dela. Eliminando alguns itens, talvez o relacionamento com o sexo oposto pareça mais fácil. Sinceridade? É sim, em alguns aspectos. Não rende tantas unhas roídas nem grandes crises de ansiedade. Até dá umas boas noitadas, bofes a lot... vale.
Mas daí, daí tu amarra o bode. E os monstros da caixa pedem para respirar! Sujeito vai, tira um por vez. Um pouquinho de carinho, saudade, risadinhas. Depois, os planos começam a olhar pra fora da caixa e reclamam liberdade! Sonhos, desejos, fantasias românticas. Quando nos damos conta, ele pode ter acabado com a caixinha e a relação a dois parece séria (ui!).
O.k., como bem citado lá em cima, eles devem ter cuidado ao revirarem nossas caixinhas. Mas nós também devemos ter.
O tempo de reclusão afetiva poderia servir, no mínimo, para que nenhum dos habitantes da caixinha se jogue desenfreadamente na linha de qualquer paixonite. Deve ser lembrado para alertar que sim, sabemos resistir à decepções, ainda que elas exijam medidas drásticas. Que a necessidade de uma nova caixinha pode vir com o tempo, mas que, sobretudo, as abas das caixinhas servem pra fechar... e para serem abertas quantas vezes permitirmos.

14 comentários:

*Raíssa disse...

Amei o post! Muito boa a comparação com as caixinhas!

Toda mulher tem uma caixinha assim mesmo! A minha tá bem fechada e não se abre com facilidade. Depois de tanta decepção é preciso cautela pra abri-la, certo? Mas tem vezes que não tem jeito: lá está ela se abrindo hehe

Beijos!

Única e Exclusiva disse...

Minha CARA este post ...

Segredo: minhas caixinhas estão sendo abertas com tanta cautela que recebi uma bronca prq nao estou me entregando por completo mas, vou conseguir abrir todas! ^^

Adoro vim aqui ler e me entender ... peço desculpas por não comentar mais vezes ... saibam que eu leio sempre!

Beijos :*************

Lari Bernardi disse...

Amei *-*

só uma coisinhaa... certos homens também tem caixinha...

;*

Claudia Bertholdo disse...

Muito bom o post! Ontem mesmo escrevi algo que condiz com tudo isso...gostei da história de caixinha...realment é isso que acontece...vou sugerir que minha amiga que anda com um caixote a tira colo leio o post de vcs!!!
bjos

Camila disse...

Hum... tô aqui pensando sobre minha caixinha.
Eu tenho mais de uma, ou melhor uma grandona e várias menores dentro. Algumas se abrem com facilidade, outras nunca foram abertas, mas sei que elas existem.
Beijo

Raquel El-Bachá disse...

A minha caixinha se abre com facilidade, mas algumas coisas podem sair facilmente e outras não.
Acho que eu ainda sou boazinha demais.
Basta haver confiança e o cara dar alguma desmonstração de romantismo para a caixinha abrir fácil, fácil. Isso é um problema.
Beijos.

Emblemática disse...

Muito bom o post! às vezes nós simplesmente fazemos de conta que trancamos em um caixinha certos sentimentos, expectativas, ilusões, etc!! Demonstramos ser mulheres bem resolvidas que não se importam com esse descompromisso atual da relações!!! Mas que nada viu!!! Esses sentimentos podem até estar em caixinhas, mas muitas vezes com a tampinha aberta!!!

Beijos

Afrodite disse...

Acho que a minha caixinha é do tamanho que vc descreveu:a de uma tv 42"!!!!
KKKKKKKKK...
Adorei tb a forma como vc colocou o post!
Desperdiçamos muito tempo esperando dos outros e sonhando com os modelos velhos,tipo:'príncipe encantado'...
Vou aproveitar e fazer 'a faxina' na minha 'caixinha'...
Bjos!

Myself disse...

Putz, minha caixinha deve ser bem grande e entulhada!!
Nunc aparei pra pensar nisso nesse ponto de vista!

Beijos!!

Alessandra Castro disse...

Somos todas meio que caixinhas de pandora isso sim!! :D

Mariana Valente disse...

Bom, a minha caixinha de "inha" não tem nada, hahahaha... É tanta coisa que eu já soquei lá dentro que peloamor... Algumas coisas, apesar da quebra de barreiras, podem sair da caixinha quando um cara fica mexendo e mexendo... Mas tem coisas que acredito eu ficam lá, secretamente guardadas, seja por teimosia ou por real esquecimento... Algum sonho que foi tão desejado, mas tão desejado e que esteve perto de acontecer, e por infelicidade do destino nao passou mesmo de um sonho, esses podem estar perdidos pra sempre em algum fundo falso da caixa e não estar ao alcance de dois pares de mãos... Pra mim isso também pode ser um problema, assim como a "fácil" liberação de alguns sentimentos guardados!

Ótimo o texto meus amores, como sempre...
Beijos sabor cereja!

Felipe Francesco disse...

Só o q eu fico meio na dúvida é: o conteúdo da caixinha é bom ou ruim? Ou seja, o problema é q os homens não são (em geral) bons o suficiente, ou simplesmente tratam de desejos míticos q na prática não seriam tão legais assim que se realizassem? A mulher moderna (prafrentex) é incompatível com a princesa da caixinha, mas qual delas vc's preferem ser ou o negócio está simplesmente em ser as duas mesmo? Dá? Elas têm compatibilidades de valor? Tá bom, chega. Mas é q eu realmente gostaria de entender essas coisas...hehehe

Marie Curie disse...

Bem, o conteúdo da caixinha não é necessariamente ruim ou bom, depende do que as expectativas podem causar fora delas. Pode resultar em mulheres carentes ou abertas para um novo amor, em sofrimento quando os sonhos não são realizados e em alegria quando se espera pouco. Os desejos míticos seriam legais se acontecessem, mas só se fossem compatíveis com os planos da mulher e, principalmente, se eles fossem pra sempre. Pq o que dói é ter aquele relacionamento perfeito, cheio de clichês amorosos e no fim o namoro termina de forma cruel. Dói ver que esses sonhos foram manchados, entende?
E sim, o truque é ser as duas ao mesmo tempo, por que mulher não é só uma (nem duas, nem três...) e o valor delas é dependente do momento da mulher, o que ela quer pra ela no momento.
Bjus da Marie!

Andreas Ribeiro disse...

Fazer um comparativo das caixinhas com um certo recalcamento, vai soar maldoso da minha parte??

beijos...

Andy