segunda-feira, 26 de julho de 2010

Gostei, mas nem tanto...

Dizem que a insatisfação é o que move o ser humano. Eu diria que, pelo menos, boa parte do ciclo de vida feminino é alimentado, impulsionado e pentelhado pela insatisfação.
É aquilo, você passa anos-luz buscando uma blusa de um certo modelo. Incrédula, você encontra a bendita! Quaaaaaase inicia o ritual saltitante das peruas, mas este é interrompido abruptamente pela visão de uns botões gigantescos, horríveis, de uma cor totalmente nada a ver e super bem fixados que a blusa tem. E aí rola o impasse: pego ou não pego? E se eu não levar e sonhar com a blusa depois? E se eu levar e os botões forem irremovíveis? E se eu tiver pesadelos nos quais os botões me perseguem?
Sábado passei por um dilema desses. Eu queria porque queria uma Melissa aranha. Das antigas, vintage, pra lembrar de como minha infância foi doce e traumatizante. Mas lançaram um tal modelo com um PUTA LAÇO na frente. Sério, eu amo laços, mas era um laço digno de cabeça de Minnie Mouse e eu nem a pau andaria com um trem daqueles. Enfim, movida pelo fogo no rabo da nova aquisição, mas balançada pela grande insatisfação do laço, levei a sandália. Foram horas intermináveis tentando remover o laço, correndo o risco de ter pago uma grana num sapato que poderia ficar com um buraco. Tirei o bendito e saí feliz e saltitante com minha sandália semi-deformada (mas que pelo menos não tinha um laço gigante).
Insatisfeitos, todos nós somos.
Saímos com o cara-que-tem-tudo-pra-dar-certo, mas poooooo... só tinha uma coisinha nele capaz de estragar todo o resto. Entramos no relacionamento-mais-que-perfeito mas que começa a desandar e não ser bem o que tínhamos em mente. Começamos uma amizade super-empolgante, mas a pessoa não era exatamente como parecia ser.
Às vezes, a grande insatisfação carrega consigo conteúdos de extremo controle. Nos mostra um dos nossos piores defeitos: o de torcer o bico para as coisas, as pessoas, as situações da vida e não ter a acapacidade de flexibilizar. Nos mostra o quanto priorizamos que as coisas sejam do nosso jeito, da cor imaginada, com as manias toleráveis, longe do irritante, do diferente, do impensado.
Mas tudo isso tira um pouco da graça das coisas.
Algumas situações exigem que laços sejam cortados, botões arrancados, vínculos espaçados/estreitados/repensados; exigem que tentemos fazer algo diferente, que não seja nem uma aceitação completa, nem uma rejeição categórica. Jogo de cintura, flexibilização, virar café com leite ou aprender a se moldar à vida ao invés de tentar moldá-la ao seu modo... tanto faz. Às vezes é simplesmente o melhor caminho.

7 comentários:

Sarah disse...

como fiz um avatar d msn q eu tenho "vc era mais legal no msn", decepcionante mas verdade rsrs!
E vish, eu sou a mestra em comprar coisas e depois levar na costureira pra arrumar do meu jeito, santa chris!
Beijusss

Andreas Ribeiro disse...

Anna!!!!!!

Pois eh, se insatisfazer é viver!!!!

Não acho que seja um "mérito" unicamente feminino, mas acho que vocês se superam nesse quesito.

Beijos
Andy

Brisa disse...

exaaatamente o meu agora. ain, sempre assim :x
adorei o texto (:

Pattinha disse...

eu admito ter uma preguiça enooorme para ajustar coisas, mas se eu gostar eu levo e dou um jeito. cansei de pintar sapatos a caneta para tirar marcas que eu não gostava.. hahaha boa adaptação também é pré-requisito para evoluir. beijo*

Carrie disse...

sumiii
mas to aqui de novo!
saudades dos seus posts ana!

beijos beijos

carrie*

*Cah Simon* disse...

Eu sou assim!
Passo mili anos atrás de algo que julgo perfeito pra mim. Acho! Uso e vejo que num ficou tão bem quanto imaginava.
Mudo mudo mudo, desisto, parto pra uma nova busca...

Sim, no meu caso, interminável...

Ficava em choque com a minha insatifação interminável...
Mas já começo a achar que é normal. o/

Thanks Anna!

Unknown disse...

As pessoas passam a vida assim, a procura de algo q depois vao ver nem era la essascoisas...

bju