segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Pais, filhos, pessoas!

Minha terapeuta costuma dizer (é, pessoas que fazem terapia iniciam frases assim mesmo) que um sinal de maturidade aparece quando a pessoa consegue matar o pai e a mãe. Matar o pai e a mãe simbolicamente!!! Calmaaaa! Huahauahaauhuahaua

Mas aí você faz cara de ué, porque ninguém “mata” pai e mãe (Hichtofen a parte). E po, como se “mata” algo ou alguém simbolicamente?

Vamos lá: a infância traz consigo a imagem de um pai e uma mãe super poderosos, onipresentes, oniscientes, fortes, sempre certos, sempre protegendo, segurando nossa mão na hora do medo, secando o colchão molhado de xixi, detentores da sabedoria universal e espanta-monstros de carteirinha! Já na adolescência desafiamos nossos pais, disputamos território, compramos briga, rivalizamos, mas eles ainda tem aquele “poder” inexplicável de resolver as coisas, de tornar a casa uma réplica de um quartel-circo-manicômio, de serem nossos pais.

Algumas situações da vida nos guiam por um caminho sem volta, no qual a “casca” do pai e da mãe é lentamente quebrada. Matamos os pais ideais e começamos a obter, por relances, uma idéia dos nossos pais reais. Aprendemos que eles fazem cagada, tem medo, que mentem, que choram, que fazem drama, que sentem dor, que ficam deprês, que se arrependem, que se machucam, que podem ir embora, que vão morrer...

Longe de serem heróis imbatíveis, destemidos e sempre confiantes, mas heróis da própria história; heróis com os pés no chão. São pessoas.

Não é fácil enxergar que nosso porto-seguro tem fraquezas, mas faz parte do ciclo que os anos passem tanto para nós quanto para eles, que nos aproximemos dos temidos 25, 30, 40, enquanto a senilidade os atinge em cheio. Não é fácil lidar com a imperfeição deles, mas que ela sirva para que aceitemos as nossas de forma mais tolerante; que elas nos tirem da cabeça as neuroses de sermos pais e mães perfeitos, porque nunca seremos (e essa é a graça da coisa).

Aproveito o post para me desculpar do sumiço. No fim de janeiro meu pai teve um pequeno acidente e precisou ser operado. Ficou de cama um tempinho, mas já começa a dar suas teimosas voltinhas na cadeira de rodas. Vou dar adeus ao meu medo de dirigir por pura necessidade de acelerar a minha vida. Now, I’m back! ;)

9 comentários:

Desabafando disse...

estava precisando ler algo assim hoje. Concordo que é difícil tirar os pais dos pedestais que criamos a eles não? mas é necessário enxerga-los como alguém como nós, com qualidades e defeitos, com erros e acertos.

Sarah disse...

querida! q bom q voltou! melhoras ao seu pai! os pais realmente sao tdo na nossa vida e acho q apartir d uma certa idade, eles realmente devem estar ao nosso lado e nao la no pedestal perfeito!
Beijos e otima semana

vipassanacbr disse...

Eu acho que Essa coisa de pais invesciveis é algo que criamos sozinhos. Mesmo hoje [nos meus 20 ainhos] descobrn que minha mãe nãoé pereita,que ela pode ficar deprimida e meu pai triste [algo raro deeu ver] eu os amo muito. E só de imaginar perde-los tremo na base [de verdade]

Sac do Amor disse...

Olha demorou para uma pessoa que eu conheco enchergar isso.
Os pais so usavam e abusavam e a pessoa achava que nao era maldade.
Mas com o tempo percebeu que os pais sao imperfeitos e que cometem cagadas.

bju

Madame Muááá

Telma Maciel disse...

ótimo post, Anna!
Vejo isso MTO nos meus avós. Ele foi sempre forte, andava de um lado pro outro, sozinho, resolvia tudo. Até q 2 AVC's o derrubaram e ele hj está na cadeira de rodas e mau humorado... A família inteira se desdobrando pra cuidar dos dois (pois minha vó fica sem paciência com as rabujices dele).
Enfim... são nossos pais, avós, tios... temos que encarar a realidade da imperfeição e da passagem dos anos tbm, né?

Crisenta disse...

Nossa qdo mi deparei com uma situação na qual tive um chock de realidade em relação ao comportamento dos meus pais eu realmente mi senti mal.. e akele tipo de coisa que si agente pudesse passa a vida sem sabe agente preferia. Pq sinceramente enxergar nos nossos pais os defeitos os erros que agente qdo era pekeno nem imaginva que eles iriam ter ou cometer nao é legal nao viu?! Experiencia propria.. mais é a vidaa nee, temos que enfrentarr! mto bom o textoo...beijoos

Anônimo disse...

A Suzane Von Richthofen foi super enfática no seu amadurecimento! (tá, piada meio sem graça, mas não resisti pq foi a primeira coisa que pensei qndo comecei a ler o post).

Ahn, concordo com tudo o que vc disse e ainda afirmo que às vezes naõ sei lidar com o fato de minha mãe ser teimosa, chata, às vezes ignorante e desmemoriada! Não que ela não tenha o direito de ter problemas (assim como todos nós temos) mas EU não sei lidar com isso. Acho que eu devia voltar a fazer terapia! Hnf.

menina fê disse...

anna,
que prazer em ler essa descrição perfeita do que é ser pai, mãe e filho. tolerância é uma dávida... deveria ser um princípio básico!

sorte aí com seu pai!
bjs meus.

Almanaque Feminino disse...

Concordo q é difícil tirar a imagem dos pais de super-herois e enxerga-los como alguém como uma pessoa normal, com qualidades e defeitos.
beijoo