quinta-feira, 24 de julho de 2008

Histérica II – o retorno (ou, “Eu faço cena meeeeesmo!”)

Resolvi pegar o gancho daquele velho e bom post do Andreas sobre as histéricas, elas que não sabem se fodem ou se saem de cima, que nem vão, nem ficam. Eu resolvi explorar uma outra nuance da histeria, dita e muito bem dita por Lacan.
Disse o bom velhinho que uma característica marcante da histeria são as cenas, a teatralidade, aquela coisa meio atriz que toda mulher tem.
Já diz Chico Buarque “quando ela chora não sei se é dos olhos pra fora, não sei do que ri / eu não sei se ela agora está fora de si, ou se é o estilo de uma grande dama”; somos todas grandes damas da interpretação, e duvido que alguma de nós negue que já fez ceninha em algum momento da vida. Não, não de fingimento, mas eu diria que é o dom de encher o momento de dramatização, sentimentos profundos e tudo mais.
O.k., vou exemplificar: a mais comum é a cena do telefone; fulaninho lá do outro lado da linha, disse alguma coisa que você não gostou e fez com que você fosse tomada por uma onda de fúria... tchan tchan tchan tchan... mocinhas de celular com flip batem a tampa violentamente; as que possuem telefone com fio, colocam o dito cujo no gancho com força (ploft!); no orelhão o impacto é mais legal, porque o fone é pesado e faz um barulhão digno de filme mesmo (plect!) – (nesse momento eu imagino como as mulheres de Londres são sortudas: tem aquelas cabines telefônicas vermelhas lindas nas quais, além de bater o fone no gancho, você pode bater a porta!); as moças que tem telefone sem fio batem-no contra o suporte; aquelas cujos suportes ficam na parede, batem contra o suporte e contra a parede... uma maravilha! Você desliga na cara, interrompe a conversa, deixando o sujeito com cara de tacho do outro lado da linha, desconta sua violência no aparelho pra não descontar nele!
Falando nas portas, são uma excelente válvula de escape! De madeira, de vidro, de alumínio, mas as melhores são as portas de correr e as “sanfona”, dão um belo efeito sonoro.
Cenas típicas são as de abandonar o carro do bonito do nada. Algo que o mala lhe disse não foi de seu grado e daí você levanta, sai, bate a porta e vai pra rua em uma digníssima marcha militar, batendo os saltos (pac, pac, pac, pac) e praguejando contra o mardito. Muitas vezes ele vem atrás de você, falando “sobe aqui, deixa de ser besta”; e você, obstinada, segue em sua caminhada.
Largar o bofe falando sozinho também é uma boa, principalmente no instante em que ele acabou de pronunciar as palavras que despertaram a sua ira; quando a “sessão abobrinha” começar depois de uma foda, a cena é pular da cama catando as roupas do chão, ir se vestindo pelo caminho e sair batendo salto (sempre batendo salto).
Todo aquele dote natural de atriz que cada mulher carrega consigo precisa ser extravasado uma hora ou outra. Histerias à parte, a arte é que imita a vida!

Andreas complementa: Fazer cena porque passou uma loira gostosona por perto é quase um hobby para uma histérica!! Por mais que saiba que o cara não fez nada, ela tem que fazer um escândalo por causa da loira até ele afirmar se desculpar, pedir perdão e falar 100 vezes que não estava olhando pra ela, e claro, dizer que ela é muito mais bonita e não a trocaria por uma loira burra (não pode esquecer que ele tem que xingar a loira), Bares, baladas e Shopping Center são os campeões dessas cenas, que podem muito bem ser acompanhada com sair andando (batendo o salto, claaaro) ou então, com algum presentinho para esquecer o ocorrido.

Anna O. é pós graduada na arte de desligar telefones na cara, largar homens falando sozinhos no metrô, bater portas (e saltos, claro). Não usa isso como forma de barganhar, mas para poupar suas caras de bofetadas.

14 comentários:

Andreas Ribeiro disse...

UHAuhauhauhaHUA

Muito teatral esse post Anna!!
as meninas londrinas foram as melhores... hehe

Sempre batendo o salto... ai ai essas histéricas... e temos que fingir que estamos super preocupados com assuntos banais... não podemos ser insensíveis num momento tãããoo dramático, né??

Beijoss

Déia Devi disse...

ahiuahuiahuaihuai
ótimo! londrinas sortudas!
fazer cena e ver que a cena deu certo é uma ótima injeção de ânimo para o ego... creio que nos dá uma sensação de controle. só que há mulheres que vivem disso, e no fim acabam sozinhas. ceder tb faz parte né garotas?

Pam Nóbrega disse...

ah uma ceninha assim sempre é bom... principalmente acompanhada daquele biquinho básico... não seríamos mulheres se não utilizassemos desse truque ótimo, e em grande parte das vezes trazem resultados bons... mas como Black Cat disse, exagerar não pode... ficar tachada de dramática demais pode ter os seus males...

Pauloscrj disse...

ahahaha
muito divertido mesmo!!!!!!! estas de londrina foram realmente as melhores.. hahaha

Ana Julia disse...

Eu já joguei meu celular na parede... preciso dizer que o quebrei? (tava precisando de outro mesmo... rs)

Marie Curie disse...

hahaha, pois é minha cara, as ceninhas são muitas vezes inevitáveis e até terapêuticas! Eu sou a que choro, que bate e briga com travesseiros e por aí vai! Em vez de engrossar o coro "tudo o q é demais faz mal", contarei a jistória de uma pessoa q conheci. Toda vez que ficava nervosa, ela desmaiava. Toda vez que ficava apaixonada, tropeçava de forma a cair nos braços do rapaz. Tanto fez que criaram uma comunidade pra menina, promoveram o uso de tênis pra garota e todos os rapazes se mantiam longe dela...

Anônimo disse...

Adorei!!!!!
Principalmente as londrinas, realmente é um privilégio ter a tal da cabine.
Acho que tô precisando voltar a usar salto para que minhas cenas fiquem mais charmosas. bjs.

*•·• -=|KÅ|=- •·•* disse...

"Cenas típicas são as de abandonar o carro do bonito do nada. Algo que o mala lhe disse não foi de seu grado e daí você levanta, sai, bate a porta e vai pra rua em uma digníssima marcha militar, batendo os saltos[...]"

ahahahahahahahahahhahahahahahaha no término de um relacionamento eu fiz isso... estava praticamente em frente à minha casa, dentro do carro dele, porém, depois de muita "conversa", eu não poderia simplesmente entrar em casa com cara de q ganhei na loteria né... então, após ele me "convencer" a ir para minha casinha, eu desci do carro, subi minha rua e saí andando pela avenida principal. Não preciso dizer q não fiquei mais de 20 minutos na rua (já era quase meia noite kkkkk) e depois voltei para casa hihihi.

Continuamos a nos falar como 'amigos', e depois de algumas semanas nós reatamos. Ele sempre relembrou esse meu momento, apelidando de "Forrest Gump" (*Andreas, por isso assisti esse filme...rs*)!

Bom, e agora, depois de 1 ano após esse ''acontecimento'' nós terminamos novamente! rsrsrsrsrs

Sabe, um professor meu disse q sou histérica O.o mas eu discordo... hsuahsuahushauhsau xD

Biscavó disse...

achei digníssima a postura da mulher que não se dá o trabalho de fazer cenas violentas. A histérica tem muitas ferramentas pra utilizar e disfarçar aquilo que não lhe favorece.

O ponto positivo das cabines de Londres é que, após fazer o barulho do teleone, você pode xingar alto o dito cujo e sair como uma dama da cabine, sem descer do SALTO. ;)

Fuego disse...

Eu qruu ir pra Londres agora só pra bater a porta da cabineee...
ahh e essa de bater o telefone com flip já fiz trilhões de vezes!!

Realmente, toda mulher tem uma atriz dentro de si!!

Ótimo post Anna, ameei!!

Bjus, Dul Herrera ;)

Anônimo disse...

hahahahahah, ri horrores!

Anna, obrigada pela visita ao Buenas Ondas, adicionei seu blog lá

beijos

Anônimo disse...

Acho digno!
Um showzinho básico é MARA. Não existe mulher no mundo que nunca tenha feito uma ceninha. O que não pode é sair do salto - Scarpin, de preferência- e fazer barraco.

Adoro o blog de vocês!

Beijos

£eh disse...

ahh fazer cena é comigo mesmo!!! Mas eu prefiro bater o telefone com fio que assim o doti cujo escuta o barulho e tem certeza que nao é problema com a linha que fui eu que desliguei mesmo!! rsrs ótimo post e bela resposta ao Senhor Andreas!!!

Unknown disse...

num é que é verdade msm =/ ... invasora de pensamentos alheios =x adoreiiiiiiiii a parte do [sai batendo o salto] FATO! ... muito bom ... mas nao entra mais na minha mente nao ta ^^