Maldito Chanel

Lembrando do post da loirice de Penélope, resolvi contar uma saga pessoal...

Já fui uma moça de cabelos longos. Também já tive o cabelo chanelzinho, quando criança. Com franjinha. Das cores eu nem falo, foram muitas nessas vinte primaveras.
Mês passado eu decidi abandonar as longas madeixas e mudar! Sim, saí do consultório médico e, um pouco antes de voltar pro meu trabalho, passei em frente a um salão que acabara de abrir... huuuum, eis a deixa!
Quase decidida – porque a gente fica na dúvida até o último segundo- descrevi o corte:
“ó, é tipo um repicado, mas não é repicado... ele começa curto, com uma quase-franja [minha capacidade de ser objetiva é absurda], depois vai indo, indo, até ficar meio chanel, pelo ombro, sabe?”.
A cabeleireira responde: “ahhhhh, isso chama dégradé!”.
Que bom! Com minha descrição nada prática e com gesticulações e exemplos absurdos, ela seguiu gesticulando também e, numa conversa ininteligível, duas criaturas entraram em sintonia na transmissão de idéias. Juro que se tivesse de fora, jamais imaginaria o que eu estava tentando falar. Minha capacidade de abstração não atingiu tal nível.
Logo depois de cortar, ela fez uma escova e meu cabelo ficou lindo, no lugar... pretinho, chanel, praticamente uma francesinha. Eu iludida, achando que ele ficaria sempre bonito e no lugar... tsc, tsc, tsc. Meu cabelo não é liso; também não é enrolado, tem umas leves ondulações capazes de tira-lo do lugar e aí começou a briga.
Dormir com o cabelo molhado? Hahahahahaha, nunca mais. Já fiz isso e ele amanheceu todo disforme, um lado maior que o outro. Se eu adicionasse uns ferros retorcidos poderia virar peça de exposição do MAM.
Secar ao ar livre é jogar com o destino, ele vai para onde o vento sopra, literalmente. E é um sério candidato a virar peça do MAM.
Com o secador é uma coisa. Primeiro porque há dois secadores em casa: um é uma miniatura, que encaixando uma peça vira um ferro de passar (sim, aquelas coisas que se ganha de brinde da Polishop) e o outro é uma turbina pesadíssima que meu pai deu de presente pra minha mãe em meados dos anos 70. Eu prefiro o pequeno e demorado... e lá vou eu, com a escova e com o secador-ferro de passar. A meia-franja é a parte subversiva do penteado, nunca fica no lugar, nunca! Daí, ao secar, dá pra brigar com as pontinhas. Seria legal se elas decidissem ficar “pra fora”, ficaria um coisa linda! Ou se optassem por ficar “pra dentro”, sei lá...
No fundo eu tento deixar as pontinhas pra fora, daí em alguns pedaços ela fica, em outros não.
Ontem fui dormir meio agitada, acho que me mexi muito durante a noite e, quando acordo... amanheço um cogumelo! Enoooorme, armado, uma monstra, monstra de chanel! O cogumelo ambulante se dirigiu ao chuveiro, amansou os fios e secou a juba.