domingo, 11 de maio de 2008

Homenagem a Mamãe

Eu e minha mãe não somos muito próximas, temos lá nossas divergências e arranca-rabos. Mas o fato é que de vez em nunca nós temos momentos bons, de convivência, passeamos juntas e tudo mais. Enfim, um belo dia, tínhamos acabado de almoçar em um supermercado e passamos por uma galeria de lojas diversas dentro do mesmo. Daí lá fui eu olhar umas blusas e tal, ela também. De repente, passamos em frente ao inferno – o caos! Uma loja maluca de bolsas e sapatos lançou uma promoção sem pé nem cabeça. Alugou uma loja ao lado – loja não, aquilo era um cubículo de 2 x 2 e despejou muuuuuuuuuuuuuitos pares de sapatos e bolsas, mas era muita coisa mesmo. Você, querido/a leitor/a, mentalize a visão do inferno. Várias mulheres se batendo por um par de sapatos, uma bolsa, um cinto...
Minha mãe olha, olha pra mim e pergunta “vamos entrar?”.
Eu falo pra ela olhar ao que o ser humano se sujeita por uma oferta, faço um discurso capaz de manipular massas, falo sobre o capitalismo, o fetiche da mercadoria, a falsa sensação de liberdade, igualdade, aceitação... tudo em vão. Ela mantém os olhos fixos no cubículo.
O apelo final se dá no desfecho da frase “mas, mãe...”. Ela entra.
A essa altura do campeonato, começo a tremer, sinto falta de ar só de observar o aglomerado feminino em surto. O pior está por vir...
O pior é que o local tinha algumas peculiaridades: não, você não podia sair do cubículo com o par de sapatos para experimentar, tinha que se equilibrar no quadrado e calçar a nova aquisição; o par, no caso, não vinha em par... você primeiro encontrava um pé, depois saía no moooonte de artigos em oferta caçando o outro calçado. Eles bem que poderiam facilitar e prender o par, sei lá, mas não. As peruas se sujeitam a isso, a disputas e bate-bocas inimagináveis por um precinho mais baixo.
Bom, eu não tinha entrado, mas minha mãe apelou para o sentimentalismo barato “me ajuda, você sabe que eu tenho dor nas costas, não posso ficar abaixando toda hora”. Não funcionou. Ela apelou mais ainda, dessa vez pro meu espírito de equipe, pra aquela coisa linda de que nós unidos somos fortes... ela solta “me ajuda, nós duas juntas vamos conseguir achar mais rápido”. Eu fui. Também fiquei com dó, porque tinha uma porrada de mulheres dando um baile na minha mãe, inclusive algumas disputando o mesmo par, do mesmo número.
Ela desistiu. Pediu pra sair. Foi muita pressão, foi um ato insano, depois ela admitiu.
Mulheres, por favor... a moda tem limites!A
economia, a prestação e as liquidações de última hora também!

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